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Manchester United 2 x 0 Manchester City: porque posse de bola não é sinônimo de domínio de jogo

Alexandre Marques
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Neste domingo, pela 29º rodada do campeonato inglês aconteceu o tão disputado Derby de Manchester. De um lado o City de Guardiola, segundo colocado no campeonato e recém campeão da Copa da Liga Inglesa, do outro lado o United de Solskjaer oitavo colocado no campeonato (com a vitória, foi para quinto colocado), lutando por uma vaga na Champions League. Rivais de estilos opostos que vivem momentos opostos.


Não se engane ou se confunda ao ver os números da partida entre os times de Manchester. Jogando fora de casa, o Manchester City de Guardiola terminou a partida com 73% de posse de bola, o que pode deixar muitas pessoas incrédulas, visto que o time perdeu a partida sem ter marcado nenhum gol (o City tem o melhor ataque do campeonato inglês com 68 gols marcados).

Foram somente 7 finalizações em todo o jogo, dessas 7 finalizações apenas 4 foram no gol. O que pode ser ainda mais impressionante para alguns é que no primeiro tempo o City teve 70% de posse de bola e apenas uma finalização que parou em ótima defesa de De Gea. Enquanto o United com 30% de posse de bola teve 7 finalizações, uma dessas finalizações que resultou no primeiro gol da partida.

Martial comemorando seu gol com o “garçom” Bruno fernandes. foto: GettyImages

Fazendo uma simples análise de dados estáticos sobre o jogo do United, fica claro a proposta de jogo reativo da equipe. Assim, Os “Red Devils” terminaram a partida com 27% de posse de bola, a intenção era clara: não dar espaços para o City em bloco baixo e aproveitar todas as tomadas de bolas com contra-ataques rápidos. Desse modo, o United conseguiu finalizar 12 vezes no gol do City, dessas finalizações 6 foram no alvo e 2 geraram os gols da vitória. 

5 Defensores imperfuráveis

O Manchester United anulou a equipe dos “Citizens” com um esquema tático 3-4-1-2 que defensivamente se transformava num 5-3-2. Onde os laterais Wan-Bissaka e Williams faziam o papel de alas que ajudavam nas ligações de contra-ataque, e que também conseguiam compor muito bem a linha defensiva com os zagueiros Maguire, Lindelof e Luke Shaw para anular os atacantes do City.

Os meias Fred, Matic e Bruno Fernades ficavam posicionados na frente da primeira linha defensiva, com objetivo de caçar os jogadores do City que tivessem a posse e rodeassem a área. Quando a posse de bola era tomada, o objetivo era claro: atacar com velocidade lançando a bola para Daniel James, Bruno Fernandes ou Martial avançarem.

Os zagueiros Maguire e Lindelof conversam com o goleiro David De Gea. Imagem: 2019 Getty Images

Todas essas opções que compunham o modelo de jogo do United funcionaram. Com a recomposição dos alas no esquema defensivo, as triangulações laterais e as jogadas individuais dos pontas do City eram prejudicadas. Sem a bola o United era seguro, com a bola era letal. Fred em mais uma boa partida fez muito bem o papel de Box-to-Box e junto com Bruno Fernandes, Wan-Bissaka e Williams conseguiu “munir” os velocistas Daniel James e Martial.

Quem disse que futebol reativo não funciona?

Especialmente para nós brasileiros, o Derby de Manchester serve para desmitificar diversos “tabus” que cremos e defendemos. Atualmente, pode se dizer que no Brasil o futebol reativo está “demonizado”, como se o futebol não pudesse ter táticas que priorizam o controle de jogo sem a bola e transições ofensivas rápidas.

É inegável que a maioria dos times vencedores e hegemônicos eram times que priorizavam a posse de bola. Porém, não existem um manual correto para se seguir no futebol. Logo, não se trata de ter a bola, mas sim de conseguir aproveitar os momentos com a posse da bola, como fez o United.

Alexandre Marques

Morador de Nova Iguaçu-RJ, graduando em Jornalismo.
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