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Mudanças de estratégias, revoluções táticas e evolução nas características dos jogadores são algumas coisas que acontecem a todo momento no futebol. Até mesmo os mais brucutus enxergaram a necessidade de se atualizar. O zagueiro moderno quebrando linhas é uma tendência que aos poucos se destaca no Brasil.
Algumas vezes paramos para observar as mudanças do futebol mundial. Suas tendências, suas necessidades e seus novos atributos. Com toda a evolução tática, é cada vez mais normal notarmos mudanças no estilo do futebol em si. Desde o conjunto até as peças individuais, como os goleiros, que cada vez mais, fazem parte da construção das jogadas.
É seguindo nessa linha de raciocínio que apresento a pauta desse texto. Como pude citar em outra matéria, os zagueiros deixaram de ser apenas os destruidores de jogadas para se tornarem construtores. É uma tendência mundial que se popularizou na Europa e, aos poucos, vem mostrando sua cara no Brasil.
O fato curioso é que essa ideia de jogo não tem muito a ver com aquela de não dar chutões que automaticamente vem em nossas mentes ao pensarmos em um zagueiro propondo o jogo. Na verdade existe sim essa preocupação, mas com um conceito muito maior.
Ao usar um zagueiro como quebrador de linhas, ele pode aproveitar inclusive a pressão do time adversário, que ao pressionar, libera um certo espaço no meio de campo, onde o zagueiro consegue verticalizar para um jogador das linhas de frente. Com isso, cria-se superioridade numérica com um campo mais livre para trabalhar.
Como resumido no início do texto, esse estilo é muito usado no futebol europeu, até mesmo em equipes menos tradicionais. Isso ficou muito evidente com a chegada de Pablo Marí ao Flamengo, em 2019. O zagueiro era da segunda divisão espanhola e se tornou titular absoluto no time rubro-negro. Além do bom posicionamento e segurança na bola aérea, ele se destacou com a qualidade técnica, com a bola nos pés. Seus lançamentos foram uma arma fatal no time de Jorge Jesus.
Mas não é preciso sair do Brasil para citar bons exemplos. O próprio Flamengo, para substituir Marí, trouxe Léo Pereira, do Athletico Paranaense, que possui a mesma característica e tem números iguais ao espanhol. Além dele, podemos destacar Rodrigo Caio e Gabriel.
Gabriel foi importantíssimo na permanência do Botafogo na Série A em 2019. No time de Barroca, ele liderou o quesito passes certos no início do Brasileirão, mas a equipe mostrava dificuldades de criar situações de gol mesmo com uma absoluta posse de bola. O time era muito horizontal, precisava atacar mais.
A partir daí que o zagueiro Gabriel se mostrou tão importante. Ele ajudou na qualificação do passe no time do Botafogo, começado as jogadas e sendo decisivo, tanto com passes rasteiros, como lançamentos por cima. Quando ele não pode jogar, quem ficou na zaga em seu lugar foi o Cícero, até então volante da equipe. Isso aconteceu pela falta de peças, mas também para manter um estilo de construção.
O zagueiro moderno, quebrador de linhas, não precisa necessariamente ser rápido, mas é preciso ter um bom preparo físico e saber se posicionar. A dupla Rodrigo Caio e Pablo Marí se destacou na maioria desses quesitos, que de fato é arriscado, principalmente pela exposição da linha defensiva, que sobe além do costume.
Entretanto, toda mudança tem seus erros e acertos, não será da noite para o dia que essa tendência se tornará realidade. O Brasil – principalmente – tem suas dificuldades. Desde a base nossos jovens são formados com pensamentos antigos, principalmente de que o zagueiro tem que destruir tudo, o que é um erro.
A partir de agora, é necessário formar atletas com uma visão futura, de trabalho em equipe. Mudanças nos sistemas táticos podem ser momentos, mas atributos para jogadores é algo que precisa ser abraçado, tanto por eles, quanto pelos profissionais que os formam.